Já imaginou como
seria
Se tudo fosse como
antes
Se vivêssemos o que
existia
Se não nos entregássemos
como errantes
Era puro e simples
como a lua
Era uma partida
dura
Para uma vida pura
Sem recordações de
amargura
E nossa juventude
era sagaz
Como um lobo feroz
e ao mesmo tempo em paz
Era uma saudade
nunca vivida
Era um amor para
toda a vida
Não pareceu ter fim
Não era só um sonho
à toa
Mas imagina os
caminhos
Se tudo tornasse a
vida boa
E só há aquele
maldito tempo
Que recordo sem
viver o presente
Há quem diga que
ele cure
Quando passar para
a frente
Mas não creio ainda
Como nunca
acreditei
Que um sonho e uma lembrança
Tivera casta ou
grei
E se fossem só
sonhados
Sem viver eu já
teria
Esquecido do passado
E tornado vida
antiga
Mas já imaginou se
diferente fora
Algum instante de
felicidade
Onde hoje meus pés
tocariam?
Onde nos levaria a
coragem?
Onde foram para
aqueles sorrisos
Que um dia me
cativaram?
Cadê as mãos puras
Que outrora me tocaram?
Eram somente
inspirações
De beijos nunca
beijados
E imaginações
De amores nunca
amados
Mais uma vez aperta
meu peito
Com a saudade que
invade
Um sonho e uma
lembrança
E uma lembrança
covarde
Se seus olhos
fitarem
O que me anseia e
abate
Talvez lembre de um
passado
Que não pôr a parte
As poesias me
ouviram caladas
Como expiação de um
segredo
E as linhas mal
rimadas
Guardaram por anos
meu medo
E onde um tolo
guarda uma ideia
Uma ansiedade e um
desejo
Não restaram
entraves
Nem sorrisos, nem
medos.
Mas já saltaram
minhas raízes
Que povoaram sonhos
distantes
Agora não sou mais
caminhante
Nem mais tenho a
mesma força
Que um dia fez
olhar a moça
E se apaixonar por
minhas poesias
Que não eram nem
mais minhas
Por ser dela todo o
amor de uma vida
Nepomuceno
Alves
Santana
do Livramento, 30-ago-15