quinta-feira, 26 de abril de 2012

Das coisas que a vida me deu



Das coisas que a vida me deu
Dos sonhos que o tempo me trouxe
Não vivi pesadelos ou ilusões
É em meio às luzes que as sombras aparecem
Em meio ao frio que se compreende o calor
E em meio ao tormento
Que compreendi o silencio

Não há medo ou dor, magoa ou rancor.
Não se fazem versos sinceros
Sem a sinceridade do olhar
Nem ao acaso se faz brotar
O sentimento que nos mostra
O que é amar

O silencio, que do amor nasce,
Não mais floresce do que o desejo ardente
O sonho que padece
Não é menor que a dor sentida
Pois só viveu a vida
Quem de amor se permitiu morrer

A beleza do ser andante
Ou a nostalgia de uma lapide fria.
Tudo isso que assusta e arrepia
Não nasce sem amor ou ousadia
Sem ter a vida inteira regada
Pelo sonho e pela alegria

Vivemos um mundo de ilusões, minha querida!
Um mundo fechado, sem tristeza ou escárnio.
Sem a dor ou agonia

Não mais sou poeta
Não existe mais inspiração
Somente as veias da aflição
E as batidas de um coração

Não há mais corpo torpe
Ou sorrisos, ou silencio.
Sequer um sentimento
Ou o sonho que faz viver!

                                                           Nepo Alves
                                                           Pelotas, 26-abr-12

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