quarta-feira, 27 de julho de 2011

Começo do fim!

O fim não agrada como o começo. Não é?
Posso sentir o toque de sua mão em meu rosto
Mas sei que este é o fim
Tornou-se pra mim um desgosto

Talvez ao ver a porta abrindo
Verei você sorrindo
Sem querer ir embora

Sorrir ou chorar,
           Não importa!
Importa o que se sente no coração
E não por ventura a ilusão
Que amargura o sentimento

Sorria querida!
Tome o controle e voe
A última lua já nasceu
E aquilo que era claro escureceu

Um vento leve lembra a primavera
E as flores rebrotam
Mas você viu o céu azul?

Voe como um pássaro
Um pássaro que foge das geadas
E encontra a primavera

Sobra aqui a lembrança do inicio
Que algum dia propício
Fará lembrar que existiu
Alguém que partiu
Sem saber se quem ficou
                        Sorriu!
                                              
                                                           Nepomuceno Alves
                                               Livramento, 25-jul-11

terça-feira, 26 de julho de 2011

Desventuras

Eu vou embora sozinho
E o canto do passarinho
Mostrar-me-á o caminho
De onde encontrarei carinho

Você não quis acreditar
Mas eu era apenas um cavaleiro
Não olhava das janelas
Mirava aquilo que ninguém mais vê

Vi as noites vivarem dias
E os dias, vivi nas noites
Escuras com uma clareza divinal
Mas com um breu infernal

Animei-me com as flores da primavera
E não vi os frutos do verão
E nem sei quais as frases que bastam
Nem as que causam ilusão

Perdi o medo
-Senti receio
E mesmo assim sigo como um louco

Ninguém viu o segredo da vida
Que não tem felicidade aquele que ama
Apenas chora sozinho
No mesmo lugar

E sonha,
E morre,
E nada faz,
-No mesmo lugar!

                                               Nepomuceno Alves
                                   Livramento, 26-jul-11

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Ilusão

Saia do meu pensamento,
Não quero que me mostre o sol
Eu sei onde bate meu coração
Sei que tudo é ilusão

Não esqueço que a felicidade se foi
      -E daí?-
Prefiro os sonhos da ilusão,
Afligem menos o coração

E daí que o céu escureça?
Não foi no escuro que tudo foi criado?

Mas sinto que meus dias se findam
Na nostalgia da solidão
Que mesmo sem querer
Me mata na ilusão

-Mas que ilusão?
Ilusão é o sonho que alma não concretiza
É a vida que se quer sem se ter
É o luar sem saber
Se o sol ainda vai nascer

- Mas e daí?-

Tudo isso serve pra que?
Pra fazer de um vivente a imagem da solidão
Ou para dizer que nada passa de ilusão?

                                               Nepomuceno Alves
                                   Livramento, 25-jul-11

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Hoje chorei,
Pela primeira vez aqui
  -Chorei!-
Sem saber o motivo das lagrimas
Revirei sonhos e passados que não voltam
Beijos e lábios que me tocam
Num sonho de verão
Sem o sol que queima ou a luz que aflige
Sem a lua cheia ou a beleza da esfinge
Chorei, e admito que chorei
Não sou fraco por isso
Ao contrário
Minhas lagrimas rolam e me mostram
Que bonito não é chorar
Mas sim amar
Sem saber o por quê,
Chorei sem querer
Sem segurar lagrimas ou dores
Sem imaginar futuros ou amores
Eu chorei as lagrimas de sangue
Talvez sejam lagrimas secas
Por não molhar meu rosto
Nem sequer deixar suposto
Que chorei ou lagrimei
Que sofri ou que me magoei
Hoje meu choro caiu
Sem eu ter como segurar
Sem saber como parar
As lagrimas da minha dor
                                               Nepomuceno Alves
                                   Lavras do Sul, 05-julho-2011

terça-feira, 5 de julho de 2011

A bela da sanga

Hoje, a sanga beijou os pés do meu amor
E ela sorriu como a flor do campo
Como se eu não estivesse ali mirando

Hoje, naquela sanga correu águas
Que os olhos da minha amada fitaram
E os meus, escondidos,
Apenas amaram

Amaram a sanga que corre
Que sem pedir beija seus pés

Amei também os olhos da linda
Que distraída olha a sanga
Que vai e não volta

Lembrei das minhas voltas
E de esporadas perdidas
Para ver aquela que habita
Na beira da sanga mágica
Que beija seus pés e vai embora

Vi a prenda faceira
Que olha as águas touceiras
Que se vão correndo
Como um dia fui
E jamais voltei
Sem ser para ver a linda da sanga

E os seus olhos brilhavam
E os meus sonhos rolavam
Pra que depois d sanga
Seus pés encontrassem minha direção

A sanga só quer correr e encontrar aquele rio
Eu quero que seus pés beijados pelas águas sem fio
Venham até mim
Aquecer aquele frio
Que as andanças da vida me fez sentir

E longe da prenda da sanga
Vi o sonho morrer e voltar
Vi  a vida ressuscitar
E morrer junto do leito pequeno
Junto daqueles pés beijados
Junto com o sonho do andejo

Eu mirava a sanga correndo
E me vinha a vontade sem fim
De ter sempre junto à mim
A prenda dos pés beijados
E na ilusão fui morrendo
E meu baio sofrendo
Castigado da poeira da estrada
Que apertei na saudade e na falta
Para ver a prenda da sanga

E da ilusão acordei
Quando da sanga lembrei
E me vi num estradeiro empoeirado
Sonhando com os doces lábios
Daquela linda dos pés molhados.

                                               Nepomuceno Alves
                        Lavras do Sul, 05-julho-2011

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Faz

Faz-me sonhar
Oh doce sol
Que ilumina meus dias
 
Faz-me chorar
Oh agre lua
Que me lembra o meu amor
 
Tudo sempre impossível
Faz de mim aquilo que não sou
Porque sempre te amarei
Mesmo isto sendo sonho ou pesadelo
 
Porque és tu
Minha donzela inefável
Que alegra meus dias
E faz em meus sonhos
Sorrir por imaginar ter-la comigo
 
Tens o dom de me alegrar
E o semblante que me faz sonhar
E saber que mesmo fraco em minhas forças
Terei seu olhar como fonte que me ilumina
 
                                               Nepomuceno Alves
                                               Lavras, 28-junho-2011